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Vale a pena investir em debêntures, FIDCs e CRIs? Com juro baixo, títulos de empresas avançam no mercado

|19.04.2021

O Globo Economia

Por Cleide Carvalho e João Sorima Neto – 

Analistas afirmam que papéis vão ganhar força quando a economia se recuperar, mas investimento tem risco maior

SÃO PAULO – O mercado de dívida privada vem ganhando impulso no Brasil e tem espaço para crescer com mais força quando a economia retomar fôlego. Segundo estudo da consultoria RGS Partners, em 2019 as emissões de dívida de empresas somaram R$ 301 bilhões, um recorde. Em 2020, com a pandemia, caíram a R$ 206 bilhões.

Mas, com os investidores em busca de uma rentabilidade melhor que a proporcionada pelos juros da Selic, hoje em 2,75% ao ano, as emissões foram retomadas no primeiro trimestre de 2021 e devem ganhar mais força a médio prazo.

— O mercado de crédito não está mais concentrado nas mãos dos grandes bancos de varejo. As fintechs estão roubando espaço com produtos específicos, que os gestores de fundos incluem em suas carteiras —diz Guilherme Stuart, sócio da RGS Partners.

Na prática, o crédito privado representa emissões de títulos entre empresas e investidores. Entre as opções mais conhecidas estão as debêntures, títulos de crédito que são emitidos por companhias em troca de uma rentabilidade.

Mas também há os certificados de recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA), notas promissórias, letras financeiras, entre outros.

Balanço da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostra que as emissões desses títulos somaram R$ 68,6 bilhões no primeiro trimestre de 2021, a melhor marca da série histórica, que começou em 2011.

Só a emissão de debêntures, nos três primeiros meses deste ano, já subiu 84,1% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 31 bilhões.

— As emissões de debêntures, CRIs e CRAs voltaram a crescer, e os números mostram isso. Devemos também ter crescimento da securitização de dívidas por meio dos fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) — diz José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.

Abaixo de outros países

Os FIDCs mantêm em seu portfólio créditos que uma empresa tem a receber. Esse papel atrai investidores mais conservadores e é alternativa a quem prefere não se arriscar no mercado de ações. Na avaliação de Stuart, as aplicações em FIDC tendem a se tornar mais acessíveis:

— O mercado de crédito está ficando mais sofisticado, e a oferta de produtos vai crescer. Fundos especializados já disputam esse nicho.

Stuart explica que as cotas de um FIDC são separadas em camadas: subordinada, mezanino e sênior. A cota subordinada é a de maior risco e garante as demais. Por isso, tem maior rentabilidade. A sênior tem remuneração menor, já que é garantida pelas cotas subordinada e mezanino. Quanto maior a base da cota subordinada, mais segura ela é.

Na média dos países emergentes, o crédito privado equivale a 24% do PIB, segundo o estudo da RGS Partners. Mas no Brasil essa relação está em 39,2%. O país ainda está longe de nações ricas, onde a média é de 171%, assim como da média mundial, de 98%.

No ano passado, além de frear a emissão de dívida privada, a pandemia deu um susto nos investidores que estavam com recursos aplicados em fundos de investimento lastreados nesses papéis.

Com o aumento do risco e a maior chance de inadimplência das empresas, houve uma corrida por saques de parte desses fundos, especialmente os que oferecem resgate imediato (entre um e cinco dias).

— Muitos profissionais liberais que se viram sem renda correram para resgatar suas reservas de emergência. Esses fundos de resgate mais rápido, entre um e cinco dias, representavam 75% do total de fundos de crédito privado — lembra Alexandre Muller, sócio e gestor de crédito da JGP, gestora de recursos independente.

Depois de meses de saques consecutivos, em fevereiro esses fundos voltaram a captar. Em uma amostra de 156 fundos de crédito privado de gestoras independentes, elaborada pela JGP, os depósitos chegaram a R$ 124 milhões em fevereiro. Em março, entraram mais R$ 480 milhões, e em apenas 12 dias de abril o valor de captação subiu a R$ 1,08 bilhão, segundo a JGP.

Atenção às empresas

Stefan Castro, gestor da AF Invest, observa que tem crescido o número de gestoras independentes com fundos dedicados aos papéis de crédito privado. Antes, em uma emissão de debêntures de grandes empresas, havia cerca de dez gestoras participando. Hoje, ressalta ele, são mais de 50 gestoras em cada emissão.

Castro lembra que, embora sejam considerados investimentos de renda fixa, os títulos de crédito privado oferecem mais rentabilidade, mas o risco também é maior e está atrelado à capacidade de pagamento da empresa.

Já os títulos encontrados no Tesouro Direto têm risco atrelado diretamente ao governo, o que, segundo analistas, significa risco quase zero de inadimplência.

Geralmente, além do prêmio pago pela empresa, os papéis de crédito privado também oferecem juros (CDI) ou a inflação (IPCA). Portanto, se a Taxa Selic subir até 5% ou 6%, este ano, a atratividade desses fundos aumenta.

— Em março, a Localiza aprovou o lançamento de R$ 1 bilhão em debêntures, com vencimento em 2031, pagando inflação mais 5,47%. As NTN-B, títulos de renda fixa do governo com o mesmo vencimento, pagam inflação mais 4%. O prêmio da Localiza é 1,47 ponto percentual maior —diz Castro.

Para quem vai aplicar nesses produtos, recomendam os analistas, o primeiro indicador a observar sobre a capacidade da empresa de honrar o título emitido é a nota de crédito (rating) das agências de risco como Moody’s e Standard & Poor’s (S&P). Quanto maior a nota, menor o risco.

Também é importante observar a capacidade de geração de caixa, mais até que o lucro ou prejuízo. Outros indicadores cruciais sobre a saúde financeira da empresa são gestão, histórico de rentabilidade, porte e fatia de mercado no segmento em que atua.

— No ano passado, a pandemia trouxe incerteza, mas a inadimplência que se esperava das grandes empresas não se materializou — observa Muller, da JGP.

Empresas que atuam em setores menos expostos às conjunturas política e econômica estão mais protegidas das oscilações de mercado e, portanto, suas debêntures tendem a apresentar um risco menor de crédito, ressaltam analistas.

Estão nesse grupo ainda companhias dos setores de energia, saneamento e infraestrutura, ou que ganharam impulso com a crise, como empresas de tecnologia ou e-commerce.

Por isso, seus papéis oferecem um prêmio mais baixo que os de companhias em setores de maior volatilidade, como as aéreas, duramente afetadas pela pandemia.

O gestor de investimentos Paulo Bittencourt observa que os fundos de crédito privado são recomendados a quem já conhece o mercado de capitais. Ele lembra ainda que o FIDC não está coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC, que garante aplicações até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ):

— Se o fundo quebrar, o investidor terá de ir à Justiça para receber.

Leia a matéria original do O Globo Economia aqui.


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