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MídiaMercado de crédito privado dá sinais de recuperação
Emissões de dívida ainda foram fracas em abril, mas spreads começaram a se estabilizar, indicando que situação parou de piorar
— Por Rita Azevedo
O mercado de crédito privado apresentou os primeiros sinais de recuperação em abril após três meses difíceis. O volume de operações ainda é pequeno e, para gestores e bancos de investimento, ainda é cedo para afirmar que esse mercado melhorou completamente, mas a situação parou de piorar. Para maio, as expectativas são positivas, afirmam.
Felipe Wilberg, diretor de renda fixa e produtos estruturados do Itaú BBA, diz que hoje o cenário está mais previsível. “Ficou bem mais claro quem são os emissores impactados pelos juros, quem sofreu com os eventos de crédito e por aí vai. Agora, a gente consegue separar quem são os bom emissores e que não é tão bom assim”, afirma.
Após a debacle da Americanas e os primeiros sinais de dificuldades financeiras da Light, os spreads de crédito aumentaram de forma abrupta. Hoje, os prêmios já caminham para a normalidade, o que pode indicar o início de um processo de recuperação. “Antes de uma melhora efetiva, o mercado provavelmente vai se consolidar na atual fase de estabilidadepara então encontrar um caminho para fechamento [redução] dos spreads”, diz Alexandre Muller, sócio da gestora JGP.
Em termos de emissão, abril ainda foi um mês fraco. As ofertas de debêntures, por exemplo, somaram R$ 6,18 bilhões, segundo dados da JGP que consideram as operações encerradas até o dia 24. O volume foi para então encontrar um caminho para fechamento [redução] dos spreads”, diz Alexandre Muller, sócio da gestora JGP.
Em termos de emissão, abril ainda foi um mês fraco. As ofertas de debêntures, por exemplo, somaram R$ 6,18 bilhões, segundo dados da JGP que consideram as operações encerradas até o dia 24. O volume foi inferior ao registrado no mês passado. Em março, as ofertas chegaram a R$ 7,88 bilhões. “O mercado primário segue restrito e devagar”, afirma Muller.
Do total do volume emitido, quase 84% ficou na tesouraria dos bancos, ou seja, não foi efetivamente distribuído a investidores no mercado. Em março, a parcela que permaneceu com bancos foi menor, chegando a 78%.
Ainda não há, portanto, uma melhora generalizada no mercado, mas começam a aparecer sinais positivos no desempenho de alguns fundos. Em gestoras independentes acompanhadas pela JGP, os resgates dos fundos de crédito, que aceleraram em fevereiro, começaram a diminuir em abril. “Ainda tem resgate, mas esperamos uma queda na casa de 40% do nível de saída em abril em comparação com março”, diz.
Do lado da demanda, a expectativa é de retomada do interesse dos investidores por títulos corporativos a partir deste mês, com o mercado voltando a níveis mais “normais” no segundo semestre. “O tempo está passando e começamos a ver notícias positivas, como uma mudança de patamar dos juros americanos”, diz Wilberg, do Itaú BBA.
A percepção de risco de crédito deve melhorar com as companhias mostrando que, apesar de enfrentarem problemas de caixa atualmente, estão se movimentando para cortar despesas e adequar suas estruturas. Nesse sentido, também é positiva a recente onda de aumentos de capital, que pode ser vista como um sinal de comprometimento dos acionistas.
Apesar das expectativas positivas, Muller não descarta a possibilidade de o mercado primário de debêntures permanecer restrito por mais alguns meses. Para bancos de investimento, o mercado não ficará fechado, mas empresas com nível de alavancagem baixo e com bons ratings certamente encontrarão mais espaço para captar. As mais alavancadas também poderão emitir papéis, mas investidores cobrarão mais caro pela concessão de crédito.
“Se o mercado permanecer da forma como está, as empresas terão que olhar com mais carinho para possíveis captações com bonds ou buscar recursos diretamente com bancos”, diz Muller.
No mercado internacional, foram realizadas duas emissões corporativas neste ano. A Braskem levantou US$ 1 bilhão no início de fevereiro. Já o Banco do Brasil captou US$ 750 milhões com bonds sustentáveis na segunda semana de abril. Bancos que acompanham o mercado de dívida esperam que novas operações sejam realizadas a partir deste mês, considerando que há demanda de investidores internacionais por títulos de emissores emergentes.
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