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‘KitBrasil’ prejudica desempenho de multimercado macro no trimestre

|16.04.2021

Por Valor Econômico

Por Adriana Cotias —

O primeiro trimestre não foi fácil para os gestores de multimercados macro, que montam suas estratégias com base na construção de cenários para a economia, no Brasil ou no exterior. Segundo levantamento da Quantum Axis para o Valor, de uma amostra de 42 fundos, só 16 superaram o magro CDI, de 0,49%, entre janeiro e março. E num período em que o Ibovespa recuou 2%, oito tiveram desempenho que o índice.

O que dá para depreender das conversas com alguns gestores e das cartas mensais é que quem privilegiou classes de ativos no exterior acabou se sobressaindo, casos de SPX Capital, Ibiuna ou Gávea, com a exceção daqueles que estavam na ponta de ações de tecnologia. Já as casas que começaram o ano concentradas em estratégias favoráveis a ativos locais, como Mauá, JGP ou Persevera, sentiram algum efeito no resultado de curto prazo. Até a Adam Capital, que historicamente privilegia a alocação fora, derrapou por causa da exposição em Petrobras e no real.

Pelos dados consolidados pela Anbima, na média, os multimercados macro praticamente empataram com o CDI. Vale lembrar que há fundos com o carimbo de livres em que predomina essa estratégia, e que essas carteiras são recomendadas para alocações de longo prazo. Entre os destaques de baixa e de alta da amostra obtida da QuantumAxis, os desempenhos no primeiro trimestre oscilaram entre -7% (Mauá) e 15% (SPX).

“Quando a gente olha o que está acontecendo com os ativos brasileiros, eles refletem alguns ‘short’ [operações que ganham com a queda] de gente com
estratégia mais global”, diz Luis Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital e exdiretor do Banco Central. “O Brasil virou o lixo do mundo.”

Ele cita que o EWZ, ETF negociado na bolsa americana que reflete as principais ações na B3, está 60% abaixo do referencial de emergentes. A curva de juros, por seu lado, embute “um desastre em dois ou três anos”, com taxas de volta aos dois dígitos, e o real não conversa com os resultados do setor externo. “Não estou dizendo que os preços estejam errados, mas a incerteza cresceu demais, acho até que deve ter alguma descompressão no futuro”, diz. “Tem relação com o fiscal e o desastre que foi a gestão da pandemia. A taxa de câmbio está fora do que seria razoável quando se olha os fundamentos.”

Figueiredo diz que a expectativa era que, com muita ociosidade na economia e altas taxas de desemprego, a inflação convergisse para baixo. A antecipação do aperto monetário surpreendeu e pegou algumas carteiras desprevenidas.

Foi a mudança repentina do BC, que abandonou o “forward guidance”, partindo logo para uma alta mais agressiva que levou às perdas com câmbio e juros no fundo da Persevera (-6% no trimestre), segundo o sócio-fundador Guilherme Abud. A leitura era que a tendência desinflacionária observada no mundo reverberava no Brasil e que a alta da inflação não passava de um repique. “Talvez por causa do trauma de 40 anos de luta contra a inflação, o receio foi que se tornasse um processo descontrolado, e o BC foi impelido a reagir”, diz. Ele entende que pressão nos preços é resultado do casamento do auxílio emergencial com baixos estoques e desvalorização do câmbio. “A gente imaginava que o BC empurraria [o ajuste] para frente, daria seus recados e esperaria para ver o quanto era temporária.”

A JGP virou 2021 refletindo um viés mais favorável ao Brasil na carteira, com apostas em queda de juros nos vencimentos intermediários, comprada em bolsa e no real. A estabilização da conta corrente, o gap da moeda ante os pares e o fim da pressão do “overhedge” dos bancos embasavam a estratégia, segundo o sócio-gestor Evandro Mota. “A expectativa era que o crescimento e a inflação levariam à normalização da política monetária. Com o nível de juros em relação aos principais emergentes muito negativos, a janela parecia positiva para o real.”

Essa foi a principal perda dos multimercados em janeiro, quando a posição foi zerada. Em moedas, a JGP agora tem uma postura mais tática e passou a usar o
dólar como hedge. A deterioração do quadro político, com algumas decisões do Executivo como a mudança no comando da Petrobras, a falha no manejo fiscal e a possível entrada do ex-presidente Lula no embate eleitoral de 2022 justificam o pé atrás. “Isso tudo deixou o ambiente muito mais sensível, o Brasil vai acabar
perdendo os ventos positivos no exterior.”

Desde a eleição de Joe Biden, a Novus fez uma aposta grande em ações cíclicas globais e na tese de desvalorização do dólar contra outras moedas como a
brasileira. Mas o real se descolou do cenário de reação das principais economias, segundo o sócio-gestor Rodrigo Galindo. “Não teve aderência a história de
recuperação [para o Brasil]. Quando há um ambiente de investimentos em infraestrutura nos principais blocos, com a China e Estados Unidos crescendo na
magnitude que vão crescer e commodities indo bem, usualmente o real se valoriza e não se valorizou.”

Na Legacy, as posições em ações brasileiras e globais foram as principais fontes de desvalorização do multimercado (-3,4%), que devolveu um pedaço dos ganhos dos últimos três meses de 2020. A alta das taxas de juros longos nos EUA teve como efeito colateral a migração de papéis de crescimento, ligados ao universo da tecnologia, para ativos da economia tradicional. A tese de que o real se valorizaria também não prosperou.

Segundo o sócio-gestor Gustavo Pessoa, com todas as turbinas ligadas nas principais economias para uma retomada, as moedas emergentes ficaram para trás. O Brasil tomou “as piores medidas”, com um ritmo lento de vacinação, e a troca de comando em estatais. Para completar, os mercados já antecipam uma eleição turbulenta e muito polarizada em 2022.

Leia a matéria original do Valor Econômico aqui.


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