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Mídia, Special SituationsFundos da JGP vão comprar ações judiciais
Por Valor Econômico
A gestora de recursos JGP entrou no segmento de ativos ilíquidos com a criação de uma área de crédito estruturado e o lançamento de dois fundos focados na aquisição de ações judiciais públicas e privadas.
O plano, segundo Luiza Oswald, sócia que comanda a área, é fugir de “ações multimilionárias”, que costumam demorar anos para serem resolvidas, e encontrar oportunidades com valores menores.
“Já participei de aquisições de ações judiciais grandes, como as que envolvem os empréstimos compulsórios da Eletrobras ou créditos de usinas de álcool e açúcar, mas hoje meu foco é encontrar ações um pouco menores, que envolvam valores abaixo de R$ 50 milhões”, diz Luiza.
O motivo para a escolha, segundo ela, é que ações baseadas em “teses bilionárias” e mais conhecidas costumam levar mais tempo na análise da Justiça. “Já as menores, como os últimos investimentos que a gente fez, de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, são bem sucedidas porque não chamam tanto a atenção. A aprovação é mais rápida.”
Formada em Direito, Luiza foi sócia da JGP no período de 2011 a 2015 e voltou para a gestora no fim de 2020, após deixar a posição de sócia da Canvas Capital.
O primeiro fundo desenvolvido por Luiza nesta segunda passagem pela corretora foi chamado de JGP Estruturados. Com prazo de seis anos e gestão discricionária, ele é voltado para a compra de ações com limitação de concentração de até 15% do patrimônio líquido por ativo. “Buscamos retorno líquido de pelo menos 24% ao ano aos nossos investidores, sempre levando em consideração o pior cenário dos casos”, diz ela.
O outro, chamado de JGP Special Situations, tem como foco a compra de precatórios federais alimentares – relacionados a créditos de pensões, aposentadorias e salários – de pessoas físicas. Até o fim do primeiro semestre de 2021, a expectativa é que outros fundos sejam criados.
“A ideia é começarmos a captar outro fundo com gestão discricionária quando tivermos pelo menos 60% do JGP Estruturados investido”, diz ela.
Questionada sobre as discussões envolvendo o pagamento de precatórios pelo governo atual, Luiza disse que acompanha o que tem sido debatido no Congresso sobre o tema, mas que evita “dar palpites em algo que é político”. “Acho que não seremos tão afetados, mas, ainda que a taxa de retorno seja, será por pouco, considerando o pagamento em 2023”, disse.
Com o cenário de alta de juros e o aumento da inadimplência, Luiza acredita em boas oportunidades para fundos de crédito estruturado devido à maior disposição de pessoas físicas e, sobretudo, de empresas para a venda de ativos judiciais. “O mercado deve ficar bem aquecido enquanto estivermos com uma economia complicada e com baixo crescimento.”
Outro caminho promissor para os fundos, aponta Luiza, é através do empréstimo de recursos para empresas em recuperação judicial, com o chamado DIP Financing. Essa modalidade de financiamento não é nova, mas desde o início de 2021, com a nova Lei de Falência, passou a ser mais atrativa ao oferecer uma maior proteção ao financiador.
“No passado, cheguei a ver várias oportunidades, mas a lei não dava segurança aos fundos. Se a empresa quebrasse, você entrava na fila como qualquer credor”, disse.
“Agora que ficou mais fácil enxergar os riscos, estou olhando algumas operações desse tipo.”
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