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A JGP é uma tradicional gestora de recursos e de patrimônio brasileira com escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nosso compromisso de longo prazo é aliar retornos consistentes com o gerenciamento de risco ativo, visando preservar o capital investido por nossos investidores.

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Cenário de guerra põe em xeque ativos ESG

|06.06.2022

por Valor econômico

Alta do petróleo valoriza papéis de grandes poluidoras

Por Roseli Loturco — Para o Valor, de São Paulo

O movimento que confere rentabilidade a ativos financeiros de empresas que se comprometem com práticas socioambientais e de governança (ESG, na sigla em inglês) tem dado alguns passos para frente e outros para trás. E a guerra na Ucrânia jogou ainda mais areia nesse ventilador.

Com o aumento do preço do petróleo e a necessidade da Europa de se tornar menos dependente do fornecimento de gás da Rússia, os países e os investidores desaceleraram a corrida pela transição energética limpa e pela descarbonização. Assim, o processo de exclusão de papéis de empresas altamente poluentes e politicamente incorretas dentro das carteiras de investimentos sofreu um revés. Nos Estados Unidos, a pressão de investidores fez alguns gestores – inclusive a BlackRock, maior do mundo – voltarem a incluir em seus portfólios empresas ligadas a combustíveis fósseis diante da forte rentabilidade desse segmento.

No Brasil, mesmo as novas regras estabelecidas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) para que as assets cravem o selo ESG ou IS (de investimentos sustentáveis) em suas carteiras são consideradas brandas por alguns analistas. Para os defensores da causa socioambiental, por exemplo, se as casas não se posicionarem de forma mais contundente, a transição para uma sociedade net-zero não irá acontecer.

“O mercado financeiro não é comprometido com esta pauta do clima, mas sim com o retorno financeiro. Preocupa-se com o que é bom para a empresa, para o banco e para o investidor. Então tudo isso é uma farsa”, observa Fabio Alperowitch, sócio e fundador da Fama Investimentos, que possui o mais antigo fundo ESG no país, de 1995.

O fundo, que possui papéis de 16 empresas e R$ 2 bilhões em patrimônio líquido (PL), não investe em petroleiras, mineradoras, estatais, empresas de tabaco, de carvão e de saneamento. E, apesar dos vários setores excluídos, tem rentabilizado, em média, 20% ao ano desde o seu lançamento, enquanto o Ibovespa gira em torno de 13%. “No caso das empresas de commodities poluidoras, elas nem sequer dão retorno no longo prazo. Só no curto, pois são cíclicas. Quem tem visão de longo prazo nem deveria considerar esses papéis”, afirma Alperowitch.

Há os que discordam da afirmação de que o mercado financeiro não vem cumprindo o seu papel. Mesmo assim, criticam a velocidade com que os compromissos estão sendo assumidos e a falta de transparência. “Por mais que a discussão sobre critérios ESG tenha entrado na pauta das gestoras de recursos, a parte moral tem avançado mais do que a fiduciária”, diz José Cláudio Securato, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) e CEO da Saint Paul Escola de Negócios.

Ele explica que o dever fiduciário está ligado à aplicação correta dos recursos e da participação efetiva no processo de transição das empresas e das assets. Mas diz que no mundo das finanças a transição tem que ter materialidade e que no caso do IS é mais difícil porque não tem taxonomia social. Já no ambiental existe a discussão do value at risk (VAR, método que avalia o risco em operações financeiras) climático. “Os gestores tentam quantificar para capturar parte desse processo. Não vejo problema de eles ajudarem as empresas na transição, mas não pode ser só retórica. O mercado vai cobrar se em cinco anos nada mudar”, diz Securato.

A própria Anbima diz que o Brasil está só no início de sua jornada, que os desafios são grandes e que a adesão das gestoras às novas regras para identificação dos fundos ESG, que passam a valer a partir de 8 de julho, ainda está baixa. “Os gestores também têm que mostrar que têm processos, gestão de risco, compliance, governança e transparência. E demonstrar que o investimento está contemplado na política da empresa”, conta Carlos Takahashi, vice-presidente da Anbima e CEO da BlackRock no Brasil.

A JGP, que se diz adaptada às novas regras da Anbima, defende que as assets ajudem as empresas no seu engajamento às práticas ESG e tem uma plataforma que analisa 70 companhias atribuindo notas de 0 a 100 conforme o comprometimento com esta pauta. “A nota média está em 62. Nossa base é desde 2018 e essa média subiu oito pontos de lá para cá. O que mostra que esta agenda está avançando”, diz Marcio Correia, sócio e gestor dos fundos de ações ESG da JGP.

A área de pesquisa da XP, por sua vez, faz análise de ESG desde 2020, hoje conta com mais de 100 empresas e tem em sua carteira recomendação para 10. “Elas combinam bom posicionamento de compromissos ESG à tese de investimento rentável. Estão entre elas Renner, Arezzo, Omega, Orizon, Totvs, CBA, Localiza, Raia Drogasil, Vivo e WEG”, afirma Marcela Ungaretti, sócia e head de research ESG da XP Inc. “Começamos a olhar para esta temática mais recentemente e o caminho é longo.”

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