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Câmbio pode reduzir efeito desinflacionário das tarifas, dizem economistas do Top 5 do Focus

Valor Econômico |08.04.2025

Durante a premiação realizada na sede do BC em São Paulo nesta segunda-feira, os economistas reforçaram que as tarifas elevaram o nível de incerteza quanto ao cenário internacional e seus efeitos na política monetária brasileira

Embora a adoção agressiva de tarifas pelos Estados Unidos traga vetores de desinflação para algumas economias emergentes, como o Brasil, a perspectiva de uma desaceleração mais forte da economia americana e global tende a prejudicar a taxa de câmbio desses países, o que complicaria o cenário inflacionário de curto prazo. O alerta foi dado por economistas das casas premiadas pelo Banco Central por figurarem no Top 5 do relatório Focus de 2024.

Durante a premiação realizada na sede do BC em São Paulo nesta segunda-feira, os economistas reforçaram que as tarifas elevaram o nível de incerteza quanto ao cenário internacional e seus efeitos na política monetária brasileira. Para Fernando Rocha, economista-chefe da JGP, a tendência é de que o choque tarifário leve a uma inflação mais pressionada e perfil recessivo da atividade nos Estados Unidos, e que levará a uma política monetária mais conservadora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a um dólar mais forte.

Pro restante do mundo, Rocha acredita que sobrará uma onda desinflacionária com a reorganização das cadeias do comércio internacional. No entanto, um real mais depreciado “mitigaria o efeito deflacionário em um primeiro momento”, avalia.

O economista-chefe da JGP entende que o dólar pode enfraquecer em um cenário de desaceleração global mais acentuada apenas se houver uma retração dos fluxos de investimentos “forte o suficiente” para enfraquecer a moeda americana.

Carlos Thadeu Filho, economista sênior da BGC Liquidez, é ainda mais pessimista ao afirmar que há uma piora da composição da inflação brasileira neste início de 2025, o que deve se complicar ainda com uma eventual desvalorização do real.

“O mercado vinha numa apreciação cambial a despeito das medidas de estímulo do governo interferindo na política monetária. Após tarifas, no curto prazo o que esse choque [tarifário] gera é um câmbio voltando a depreciar”, diz Thadeu Filho.

Eduardo Vecchio, coordenador de projetos da Caixa Asset, concorda que as tarifas americanas tendem a levar a uma inflação maior e um crescimento menor da economia americana, e avalia que o comportamento do dólar dependerá de como um cenário de recessão dos Estados Unidos se desenvolverá à frente.

“A partir do momento que os EUA passam de uma perspectiva de economia fraca para muito fraca, tem um efeito enorme nas moedas emergentes”, diz Vecchio.

Quanto ao futuro da política monetária americana, ele avalia que será importante observar como as expectativas de inflação vão evoluir.

“A ideia inicial é de que a alta de preços fica mais tranquila após o choque, porém agora pode ser diferente porque já há sinais incipientes de desancoragem das expectativas de inflação nos EUA”, diz Vecchio. Para ele, o Fed só terá condições para cortar os juros e combater a desaceleração da economia caso as expectativas não desancorem da meta.

Diego Martins Silva, chefe de análise macroeconômica da Petros, pondera que as tarifas vieram mais fortes que o esperado pelo mercado, e por isso a definição da política comercial de Trump não foi suficiente para reduzir o nível de incerteza atual.

Para o Brasil, ele avalia que o choque tarifário é desinflacionário, ao menos no curto prazo, seja pela reorganização das cadeias de comércio global ou pela desvalorização de commodities que afetam os preços domésticos.

Daniel Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, também vê um cenário menos inflacionário para o Brasil. “Ao longo de 2025, a estagnação europeia e desaceleração mais forte nos EUA pode levar à sobreoferta de bens e, assim, contribuir para o cenário inflacionário brasileiro”, diz ele, após admitir que o comportamento da taxa de câmbio é bastante incerto no momento.


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