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MídiaAos 25 anos, JGP abre novas frentes de atuação
Fundos imobiliários e fusões e aquisições estão no radar da gestora, que tem R$ 35 bi em ativos
Por Liane Thedim — Do Rio
A JGP chega aos 25 anos de fundação investindo em novos segmentos para crescer mais. Com R$ 35 bilhões sob gestão, 183 funcionários e um fundo multimercado que não registra um ano negativo desde sua criação, há mais de duas décadas, a asset acaba de montar uma área especializada em gestão de carteiras para fundos de pensão, por meio de mandatos personalizados. Há quatro meses, fez a primeira aquisição de sua história com a compra da L6 Capital, uma casa de fusões e aquisições e crédito estruturado. E se prepara para lançar seu primeiro fundo imobiliário (FII) listado na B3.
“O setor imobiliário estava deprimido nos últimos dois anos com o aumento brutal dos juros. Agora que a taxa começa a cair, o mercado de crédito e de tijolo está se reanimando”, diz o fundador da JGP, André Jakurski, em entrevista ao Valor. A vertical foi criada em abril de 2022 e desde então vinha gerindo apenas um fundo multiestratégia, com R$ 18 milhões em recursos próprios. O novo FII a ser listado na B3 será de tijolo e focado em shoppings.
No segmento de fundos de pensão, a JGP administra pouco mais de R$ 2 bilhões de cerca de 30 entidades, e a ideia é dobrar esse valor em dois anos. Já com a compra da L6, além de adicionar ao seu cardápio o serviço de consultoria em fusões e aquisições, a gestora amplia sua vertical de crédito privado, segmento que está no foco de Jakurski. “É o setor que eu vejo com maior potencial de crescimento em relação a todos os outros em que atuamos”, afirma.
Segundo ele, o crédito ainda está concentrado nos bancos, mas, à medida que o mercado de capitais se desenvolver, “a perspectiva é que esse produto avance a uma taxa maior do que qualquer outro produto financeiro”. Na vertical de crédito, outra estreia recente foi em “special situations”, que investe em ativos inadimplentes e, desde 2021, já alocou R$ 300 milhões.
Os novos segmentos se somam aos já consolidados. Hoje, o de ações tem R$ 3 bilhões sob gestão; multimercados, R$ 9 bilhões; crédito, R$ 7 bilhões; e wealth management, R$ 16 bilhões. No total, são 19 estratégias, incluindo cinco de previdência, sete de crédito, três de multimercados e quatro de ações. Dois (um de crédito e um de ações) são focados em ESG, área em que a JGP é referência.
“Não tenho planos de parar porque trabalho no que eu gosto”
— André Jakurski
“O investidor é rápido em mudanças de posição. Se não conseguirmos satisfazê-lo estamos fadados ao fracasso. Procuramos estar em todos os segmentos em que temos vantagem competitiva”, diz Jakurski. Essa vantagem, afirma, está principalmente em sua equipe, a maior parte formada internamente. “Atraímos pessoas que tenham a nossa visão. Poucas a gente traz de fora, muitas a gente treina.”
Uma das áreas que concentraram essa busca de talentos nos últimos três anos foi a de tecnologia. “Trouxemos cientistas, programadores, e temos um sistema interno que reúne todas as estatísticas e dados à medida que vão saindo. Isso permite que nossos gestores tenham capacidade de se antecipar a outros participantes do mercado”, afirma Jakurski.
O gestor também fala com orgulho de seu modelo de multigestão, em que cada vertical funciona como uma holding que aloca recursos para vários subfundos, sob a responsabilidade de pessoas diferentes. Só nos multimercados são 13, com regras que interrompem posições em caso de problemas. “Não pode limitar a pessoa porque no nosso negócio errar é comum. Mas temos que ter ferramentas para cortar o prejuízo quando ele acontece”, diz.
Assim como o JGP Hedge, o mais antigo, os outros dois multimercados, o JGP Max e o JGP Strategy, nunca fecharam um ano no negativo. “Muitas assets têm uma equipe que alimenta um gestor principal ou único com ideias e ele toma as decisões. Sempre acreditei que ninguém é dono da verdade. Não funcionamos como um ‘one man show’”, lembra Jakurski.
Visto com uma espécie de guru pelo mercado financeiro, o fundador da JGP – o “G” era do ex-ministro Paulo Guedes, que saiu da sociedade em 2004 – tem atuação ativa no dia a dia da gestora: começa cedo, participa das reuniões matinais, mas faz questão de afirmar que não dá a última palavra em tudo. “Em momentos de estresse eu faço alertas, mas nosso sistema está estruturado para não ter essa interferência.”
Ele prefere se ver como um líder e diz que é importante ser um exemplo para a equipe. “Na montagem de uma empresa, seja quando fundei o Pactual, a JGP, ou quando fui diretor do Unibanco, sempre tive esse norte. E dentro disso a ética é o mais importante.”
Aos 74 anos, o criador da JGP diz que não pensa em se aposentar: “É natural que a sucessão ocorra, ninguém é imortal, mas não tenho planos de parar porque trabalho no que eu gosto. Não tenho limite etário. Até eu cair duro vou estar aqui”, brinca. Ele ressalta que o modelo de multigestão garante o futuro da empresa. “Se eu não estiver por aqui vai rodar igual. Posso dar a direção, mas não sou capaz de fabricar resultados. Toda organização que depende de uma pessoa está condenada a tropeçar em algum momento.”
Jakurski não pensa sequer em reduzir o ritmo. “Eu não trabalho, eu me divirto.” O empresário conta que, sempre que pode, ensina um macete. “Falo para quem entra aqui que, para descobrir se gosta do que faz, precisa perceber se torce pelas segundas-feiras quando chegam as sextas-feiras. Se começa a semana achando chato, não vai durar muito.”
Ele garante que até hoje fica ansioso pelo retorno ao escritório: “Depende, às vezes tem operações interessantes e você quer ver o mercado reabrir.” E frisa que nunca desliga. “No fim de semana estou sempre lendo, num misto de me informar e estudar. O meu trabalho é prestar atenção, ler e pensar. E, quando tenho uma ideia, implemento.”
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