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Conheça os fundos multimercados e long short que mais renderam em um 2020 caótico

|18.01.2021

Por Valor Investe

Por Naiara Bertão —

Em um 2020 de tamanha instabilidade, os gestores de fundos multimercados, aqueles que podem investir em uma cesta de ativos, como ações, moedas, juros e commodities, tiveram trabalho redobrado. Mesmo quem mexia pouco no fundo precisou acompanhar mais de perto as notícias e agir rápido para mudar de posição.

Não foi todo mundo que conseguiu acertar a direção dos mercados e ainda pensar em como alocar cada categoria de ativo na carteira, mas houve sim fundos de investimentos que brilharam mesmo em meio ao caos.

Segundo levantamento elaborado pelo economista e blogueiro do Valor Investe Marcelo d’Agosto, os 10 multimercados mais rentáveis do ano tiveram um retorno médio de 14,63% em 2020, sendo que o primeiro colocado na lista, o Itaú Personnalité Hedge Plus FIC FIM, da gestora do banco Itaú, chegou a acumular valorização de 18,44%.

Ranking dos 10 fundos multimercados mais rentáveis em 2020

RankingNome do fundoRetorno no acumulado de 2020 (Em %)Retorno no 1º trimestre de 2020 (Em %)Maior perda mensal no ano (Em %)Desvio padrão do retornoPatrimônio (R$ milhões)
1Itaú Personnalité Hedge Plus FIC FIM18,4512,00-1,179,522.026
2Vinland Macro Plus FIC FIM16,913,04-4,738,56217
3Gávea Macro Plus II FIC FIM*16,066,36-1,095,02121
4Gauss FIC FIM15,94-6,23-7,2213,88476
5KPR Diagrama Macro FIC FIM15,8910,22-1,737,2056
6Ibiuna Hedge STH FIC FIM15,535,65-1,124,607.689
7Legacy FIC FIM13,74-4,76-4,769,06632
8Asa Hedge FIC FIM12,94-4,76-4,768,6991
9Mapfre Inversion FIM12,73-7,31-7,7311,74102
10Adam Advanced 1 FIC FIM C Priv IE12,607,57-5,888,75860
11ARX Extra FIC FIM*12,35-7,88-7,8812,47168

Fonte: Morningstar. Elaboração: Marcelo d’Agosto. *fundo da Gávea não havia entrado por engano

É importante notar que a lista acima se refere a fundos que de alguma forma são oferecidos para investidores de varejo e tem um porte mínimo. Isso exclui nomes como o SPX Raptor Feeder IE FIQFIM CP, da gestora SPX Capital, que rendeu 14,46% no ano passado, mas tem aplicação mínima de R$ 1 milhão e é restrito para investidores profissionais.

O levantamento segregou, em outros subgrupo, os multimercados que apresentam, em termos relativos, menos oscilação (multimercados de baixa volatilidade). Neste segundo caso, a média de retorno foi de 6,41% e o primeiro lugar foi para o Ibiuna Hedge FIC FIM, da Ibiúna Investimentos, com alta de 9,59% no ano.

Ranking dos 10 fundos multimercados de baixa volatilidade (*) mais rentáveis em 2020

RankingNome do fundoRetorno no acumulado de 2020 (Em %)Retorno no 1º trimestre de 2020 (Em %)Maior perda mensal no ano (Em %)Desvio padrão do retornoPatrimônio (R$ milhões)
1Ibiuna Hedge FIC FIM9,593,40-0,762,881.441
2JGP Strategy FIC FIM8,793,02-0,092,131.920
3Vinci Valorem FIM7,290,48-0,922,252.375
4Sparta Dinâmico FIC FIM7,183,78-0,222,4998
5JGP Max FIC FIM6,672,20ND1,09156
6Rio Gestão Arbitragem FIM5,711,81-0,831,8932
7Kondor Macro FIC FIM5,110,84-0,481,9233
8Occam Equity Hedge FIC FIM4,810,67-0,952,122.244
9Novus Institucional FIC FIM4,68-0,67-0,672,05610
10Smartquant FIM4,301,11-0,731,8441
Média6,411,66-0,632,07895,00

*) Para fazer o recorte dos fundos de baixa volatilidade, d’Agosto usou o critério do desvio padrão: multimercados com desvio padrão menor que o desvio padrão do IRFM, de 2,899 em 2020.

Uma terceira categoria analisada no levantamento foi a de fundos long short. No inglês, “long” significa compra e “short” venda. Por isso, nessa categoria entram os fundos cuja estratégia de investimento combina simultaneamente operações de compra e de venda de ativos relacionados. O objetivo é lucrar com a diferença na variação de preços entre os dois ativos que apresentam alguma correlação histórica e a vantagem é que o risco desse tipo de fundo é menor.

Considerando os 10 fundos de investimento do tipo long short mais rentáveis no ano, a média de retorno foi de 8,67% em 2020. O primeiro da fila, Sharp Long Short Feeder 2X FIC FIM, da gestora Sharp, porém, destoou dos pares, ao subir 21,31%, bem acima do segundo colocado, o Truxt Long Short Advisory FIC FIM, da gestora Truxt, que rendeu 13,59% em 2020.

Como base de comparação, o CDI, principal índice de referência desses fundos, acumula de janeiro a novembro 2,77% de alta. Em 2019, havia sido 5,96%.

Ranking dos 10 fundos long short mais rentáveis em 2020

RankingNome do fundoRetorno no acumulado de 2020 (Em %)Retorno no 1º trimestre de 2020 (Em %)Maior perda mensal no ano (Em %)Desvio padrão do retornoPatrimônio (R$ milhões)
1Sharp Long Short Feeder 2X FIC FIM21,3111,63ND6,741.477
2Truxt Long Short Advisory FIC FIM13,592,21-2,575,02267
3Sharp Long Short FIM10,736,00ND3,39180
4BTG Absoluto LS FIC FIA9,80-15,80-17,0220,90893
5Moat Capital Equity Hedge FIC FIM8,48-5,75-5,7510,46810
6Occam Long & Short Plus FIC FIM6,59-3,45-5,058,43401
7Solana Long And Short FIC FIM5,92-0,79-4,707,53513
8Safra Kepler Equity Hedge FIM4,91-0,86-1,912,84712
9BRAM Long and Short FIM3,00-0,29-1,412,57421
10Navi Long Short FIC FIM2,38-1,13-3,614,45669
Média8,67-0,82-5,257,23634,30

A seleção traz os produtos abertos (fundos exclusivos e fechados para captação foram excluídos) que acumularam em 2020 o melhor rendimento de suas categorias. Foram avaliados para o levantamento milhares de fundos abertos, negociados em plataformas de investimentos, e que tenham ao menos um ano de existência. Todos são contemplados no Guia Valor de fundos de investimentos.

Qual foi a estratégia?

OK. Ver os rankings de rentabilidade é legal. Mas não adianta muito, já que desempenho passado não é garantia de rentabilidade futura. É interessante saber, porém, o que fizeram os gestores para sobreviver e respirar bem mais aliviados que a maioria de seus pares. Antes, uma ressalva: independentemente de quem se saiu melhor ou pior, vale ressaltar que foi um ano diferente. Diante de uma crise tão imprevisível e tão nebulosa, é natural que haja gestores e gestoras muito competentes e que não conseguiram estar nesta lista. Basta ver que, apesar de muitos fundos multimercados renomados não terem tido um bom ano, eles ainda seguem acima do CDI em cinco anos.

A capacidade de uma gestora deve ser medida ao longo do tempo. Dito isso, entenda o que foi preciso para se destacar em 2020:

1.Agilidade em montar e desmontar posições

A volatilidade dos mercados bateu recordes. Nunca se imaginaria que o Ibovespa sairia do vale de 63.569 pontos em 23 de março para 118.400 pontos em 17 de dezembro. Muito menos que o dólar deixaria a casa dos R$ 4 para se aproximar dos R$ 6, e logo depois voltaria para os R$ 5, em uma gangorra diária. Os juros ficaram ainda mais difíceis de prever, com as nuvens carregadas de incerteza tampando a visão até do curto prazo.

É inegável que as equipes que, unidas e dispostas a trabalhar mais para analisar notícias do Brasil e do mundo, e que tiveram liberdade e agilidade para mudar de posição rápido, se saíram melhor.

A gestora do Itaú é um bom caso. Todos os trimestres em que o Valor Investe avaliou os fundos em destaque, a casa se destacou com diversos produtos. Parte da explicação é justamente pela agilidade que o formato escolhido para os times permite. As equipes são divididas em classes de ativos – ações no Brasil, renda fixa, moedas, exterior. Um grupo fica responsável por olhar tudo e rebalancear as carteiras dos fundos, que têm também características distintas.

“Foi um ano que o nosso perfil do fundo, que busca muita agilidade na gestão, se saiu vencedor. Conseguimos rapidamente identificar mudança de cenário no início do ano e mudar as posições de forma adequada, enquanto buscávamos um novo cenário”, comenta Stefano Catinella, responsável pela distribuição de terceiros da Itaú Asset Management, se referindo ao Itaú Personnalité Hedge Plus FIC FIM.

Este fundo, que encabeça a lista do ranking de rentabilidade em 2020, é o mais flexível: pode investir em juros, câmbio, bolsa no Brasil e mercado internacional. Já o Itaú Personnalité Yield Plus FIC FIM, que tem as mesmas posições do seu irmão, mas sem a parte de bolsa e, portanto, é bem menos volátil, também galgou boas posições entre os multimercados de baixa volatilidade.

A equipe por trás desse desempenho, de mais de 20 pessoas, se falou ainda mais em 2020 virtualmente do que conversavam pessoalmente no escritório, dizem os executivos. E isso ajudou na estratégia.

Oliver Casiuch, gestor da Itaú Asset na carteira de ativos no exterior, a atribuição de performance em fevereiro e março se deu ao rápido entendimento do impacto da pandemia no crescimento global. “À medida que o vírus avançou vimos que impactaria mercados mais sensíveis e importantes para a economia e que, como reação, os bancos centrais cortariam juros, a aposta mais clara. Como o mercado demorou para entender, a gente fez apostas com preços bons”, diz. Investiram em juros esperando queda de taxas no CanadáEstados Unidos e em países emergentes.

No Brasil, o gestor Andrew Woods explica que o cenário revisto às pressas apontava para menor atividade econômica, imaginando que seríamos muito afetados pela queda de demanda global, queda da bolsa, desvalorização do real ante o dólar. E, em um segundo momento, previram que a resposta do BC local seria similar à de outros países, de corte de juros para minimizar a crise.

Lá fora e aqui dentro, estavam certos.

Enquanto colhiam os frutos, já estavam um passo à frente esperando o que estaria por vir e o que pareceu mais óbvio seria o aparecimento de boas oportunidades e, em seguida, uma volta dos mercados, quando as notícias de vacina se mostrassem mais promissoras. Partiram para comprar ativos de risco, no Brasil e no mercado internacional. “Compramos risco em geral, no mercado de crédito e nas principais bolsas. No crédito escolhemos nomes especiais, títulos de boas qualidades e com boas notas de crédito e compramos também índice S&P 500 [dos EUA]. Mas sempre mantivemos proteções contra o cenário mais adverso, muito aplicados em juros americanos e de emergentes”, conta Casiuch.

Algo que se sobressaiu em 2020 foi a preocupação em olhar mais mercados além da América Latina, onde a análise de internacional estava mais concentrada. O fundo Hedge Plus, por exemplo, que pode ficar com até dois terços da carteira aplicada no exterior, exerceu bem este mandato, sempre com posições táticas que possam ganhar naquele momento, e ágil para mudar de rumo.

Por aqui, no Brasil, Woods explica que a situação fiscal incerta no segundo semestre levantou um alerta na equipe, esperando que aumentaria o risco Brasil pontualmente e, por isso, decidiram ficar com operações vendidas nos ativos do país e compradas em países que iriam se beneficiar melhor da crise. “Apesar da piora fiscal no último trimestre, agora já mudamos o book (carteira) para uma composição que não reflete mais piora do cenário fiscal”, diz.

A posição destinada para bolsa brasileira, ao contrário da internacional, teve seus momentos de picos e vales. Se no segundo trimestre e início do terceiro fazia todo sentido surfar a recuperação dos ativos, nos últimos meses a gestora vem reduzindo a posição e até zerou em dezembro.

Por ora, ainda está sem visão para agir, mas a asset trabalha com viés otimista para a renda variável local, dado o nível baixo de juros, e o benefício da retomada e crescimento global e das commodities.

“No Brasil, procuramos nesse fim de ano ficar posicionado no relativo, apostando na valorização do real versus o nível de juros da curva prefixada. Estamos otimistas com o país via moeda [esperando valorização do real] e pessimista via juros, achando que inflação corrente anda alta e isso demandaria resposta do Banco Central no ano que vem [subindo juros]. A moeda está performando melhor do que a alta dos juros”, explica Woods.

Para 2021, o gestor acredita em ventos favoráveis e valorização de ativos de risco como um todo.

“Vimos no último mês essa tendência continuar, com dólar se enfraquecendo frente a moedas de emergentes e o real. A tendência é de valorização de bolsa, e ‘despremiação’ de risco Brasil no ano que vem. Mas vale lembrar que a questão fiscal ainda precisa ser resolvida para se consolidar o cenário que vemos para países emergentes”, resume o gestor.

Ainda que os gestores da Itaú Asset vejam que a grande injeção de liquidez feita em 2020 deve continuar sendo um impulso para ativos de risco, beneficiando ativos de crédito e bolsa — enquanto os juros estiverem baixos —, é possível que o impulso para ralis de preço seja mais fraco em 2021.

2.Sorte, experiência e habilidade

Sorte, experiência ou habilidade? Uma lição que dá para tirar deste ano é que foi vencedor quem teve uma combinação das três. Uma das principais explicações para os fundos que se deram melhor estarem por cima é justamente terem caído menos – ou até terem dado retorno positivo – no início da crise. Mas não foi porque sabiam que o surto da covid-19 na China viraria uma pandemia mundial, que derrubaria todos os mercados ao mesmo tempo e de uma maneira não vista em décadas. A “sorte” de estarem com pé atrás por outro motivo foi o que ajudou.

A gestora Truxt, por exemplo, reduziu sua posição em bolsa no primeiro trimestre simplesmente porque não via papéis bons para comprar, ou seja, empresas boas a um preço descontado. Em 2019, o Ibovespa havia subido 32% para 116 mil pontos, e havia gestor que apostava que o índice ultrapassaria os 200 mil em 2020.

Meio desanimados com o que viam, em especial a guerra tributária e comercial entre EUA e China, a equipe de gestão reduziu posições de renda variável, colocaram mais dinheiro em caixa, e conseguiu, “sem querer”, minimizar as perdas.

Por sua característica menos arriscada e que aposta em carteiras de ações compradas e vendidas, o Truxt I Long Short FIC FIM chegou a subir 1,07% em março, enquanto outros fundos da casa, como o Truxt I Long Bias FIC FIM e o Truxt I Valor FIC FIA, outros dois que foram muito bem no ano mas que são bem mais voláteis, caíram 7,57% e 25,83% no pior mês.

“Por sorte e competência viramos o ano mais desinvestidos. Facilitou a gente agir rapidamente, defender posições e estar leve para comprar assim que tudo caiu junto. Em março de 2020, vimos coisas boas e muito boas caírem na mesma magnitude”, conta José Tovar, sócio e presidente da Truxt.

Na JGP, a cautela de sempre da equipe, que não gosta de acompanhar comportamentos de manada, aliada ao ceticismo com o otimismo exacerbado do mercado, fez, na sexta-feira antes do fatídico Carnaval de 2020, o gestor de renda fixa a montar posições de proteção contra o pior.

Intuição, sorte ou experiência, não importa muito o que houve motivou o movimento, o fato é que a equipe soube enxergar sinais de fumaça do outro lado do Pacífico, com notícias de lockdown na China e Coreia do Sul e risco de contaminação da Europa, e se armou.

A decisão foi então por aplicar em juros de 10 anos caso as taxas colapsassem, ficarem vendidos em petróleo, porque sabiam que um problema mais sério e a necessidade de isolamento total impactariam o consumo e a locomoção das pessoas, e compraram ouro, prata e dólar. Em fevereiro e março, o JGP Strategy FIC FIM subiu 1,71% e 1,38% e o JGP Max FIC FIM, 0,99% e 0,78%, respectivamente.

3.Apostar em boas empresas

Para os multimercados que têm uma gestão mais ativa da carteira de ações, uma lição importante tirada deste ano foi a aposta em empresas com bons números e boa gestão. Diante de uma crise dessas, é comum ver casos de empresas que se enroscam em dívidas, por já estarem em posição financeira delicada, ou que a liderança tem dificuldade de navegar o barco na tempestade. Há quem não aguente nesses momentos.

Avaliar a capacidade de uma empresa de inovar, de diversificar receitas, de mudar de direção se for preciso e de cuidar bem de suas contas é fundamental para quem está de olho no valor de mercado potencial dela.

“Desse ano, o que se deve aprender é que, no mercado acionário, quando se tem empresas de qualidade, com capacidade de penetrar no mercado, time de gestão bem qualificado e capitalizadas, por mais que tomem baques, como o visto em março, quando todas as empresas caem juntas, esse tipo de companhia resiste”, diz Tovar, da Truxt.

Ele explica que essas companhias podem até perder valor momentaneamente, mas a tendência é, nos médio e longo prazos, entregar mais valor. “Vão conseguir se adaptar a uma nova realidade.”

Foi com essa cabeça que, em fevereiro e março, a equipe da Truxt respirou fundo, percebeu que não era o momento de entrar em pânico, mas sim a hora de rechecar as convicções e sair às compras. “A crise não deixa de ser uma oportunidade de médio prazo. Na crise, se tem convicção do seu portfólio, não faz sentido reduzir, mas rechecar posições, porque elas podem mudar. Como estávamos convictos, quando tudo caiu na mesma magnitude e começaram a vir as ajudas fiscais e monetárias dos bancos centrais, em especial o americano, ficou razoavelmente claro que o mercado iria voltar e ações que tenderiam a se valorizar na pandemia”, conta.

O bom resultado nos fundos este ano é explicado justamente por este aumento do portfólio de ações a preços bem atraentes.

4.Não ir com a maré

Em entrevista em outubro ao Valor InvesteMauricio Werneck, sócio da JGP e responsável pela área de relações com investidores da gestora, disse que parte da explicação para seus fundos, entre eles JGP Strategy FIC FIM e JGP Max FIC FIM, estarem entre os multimercados de baixa volatilidade miais rentáveis, foi justamente a baixa correlação com seus pares do setor. Na prática, isso significa não seguir a maré ou “a onda do mercado”.

“A experiência traz ceticismo e desconfiança de que sempre as coisas vão entregar o resultado imaginado”, comentou Werneck na ocasião. “O multimercado é muito nosso DNA e somos uma empresa conservadora, que tem o objetivo de preservar o capital do cliente e só se posicionar em risco se temos um alto grau de convicção de que a tese vai se concretizar. Nem todos os riscos valem a pena”, completa.

Woods, da Itaú Asset, pontua que é necessário ser humilde para mapear os riscos. “Na minha vida profissional vive algumas crises relevantes, como a de 2008 e a de 2020, com movimentos extremos do mercado. Acho que um grande aprendizado é nunca subestimar o tamanho dos movimentos em momentos de crise e nem a probabilidade dos movimentos extremos, assim como a probabilidade de uma crise vir à tona”, diz.

Seu par na Itaú Asset, Casiuch ressalta ainda que é preciso “ser humilde, mas não esquecer que o consenso erra muito”. Para ele, é importante ser esperto, mas também estudar e analisar os sinais para enxergar os movimentos. “O mercado subestimou muito o quanto os bancos centrais iam entregar de juros, por exemplo”, se referindo a cortes mais altos do que o esperado nas taxas.

5.Um olho no peixe e outro no gato

Bons gestores sabem que não dá para apostar cegamente na vitória e é preciso fazer um bom gerenciamento de riscos. Não apenas protegendo a carteira quando acharem que pode vir um revés pela frente, mas também mapeando potenciais riscos macro e micro econômicos de curto e médio prazos.

Um exemplo desse tipo de “antecipação” que rendeu frutos para alguns fundos em 2020 foi a eleição americana.

A Truxt, por exemplo, ficou otimista com a renda variável antes do pleito, ao identificar que nenhum dos dois candidatos principais seria um desastre para os mercados. Claro, poderia dar errado e isso também estava sendo observado de perto. Se algo mudasse, estavam preparados para mudar de opinião. Mas, no fim, não apenas os mercados reagiram bem, como os investidores estrangeiros voltaram em peso para países emergentes, e puxaram uma alta de 15,9% do Ibovespa em novembro e 9,5% em dezembro.

“Estamos bastante otimistas com a bolsa porque a eleição americana foi uma eleição boa para os mercados, boa para os emergentes, veio um presidente mais habilidoso e a disputa com a China não vai ser pelo Twitter, mas por canais diplomáticos. O dólar deve se enfraquecer e, dado que os EUA vão gastar ainda mais para conter a crise, isso ajuda os emergentes, incluindo o Brasil”, comenta Tovar sobre sua previsão para 2021.

A equipe do Itaú fez algo parecido. Nos últimos meses do ano, após a eleição de Joe Biden nos EUA e boas notícias vinda dos testes de vacinas, a casa reduziu o peso das proteções para mais ativos de risco. Fez apostas acertadas, por exemplo, na posição vendida em dólar americano, e ao investir uma parte da carteira comprada em bolsa lá fora.

“Se Biden fizer um fiscal mais agressivo, é ruim para o dólar; estamos projetando crescimento maior para a China este ano, o que deve levar a uma balança comercial muito boa por fatores estruturais e cíclicos; o banco central deve ficar menos agressivo em estímulos este ano. Por isso ajustamos os tamanhos das posições”, diz Casiuch, que ainda aposta na desvalorização da moeda americana ante países emergentes, a exemplo do renminbi chinês, peso chileno, real brasileiro e rublo russo.

Para 2021, um fator já dado e precificado pelo mercado é a alta dos juros no Brasil. Outro é a retomada da China como compradora de commodities, já que sua economia está melhorando. Quem anteviu esses movimentos antes da maioria, conseguiu aproveitar.

Um terceiro fator de risco no horizonte de ambas as casas, mas que ainda precisa ser acompanhada de perto, é a inflação no Brasil. Por ora, o consenso do mercado é de um IPCA sob controle em 2021, em até 4% (3,32% na última projeção do Boletim Focus). O fiscal também não está resolvido, assim como não dá para prever quanto tempo a crise vai durar, já que as taxas de contaminação estão em ascensão, e não declínio. O que dá para saber já é que será um 2021 desafiador, ainda que não tão nebuloso quanto foi seu antecessor.

Leia a matéria original do Valor Investe aqui.


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